domingo, novembro 18, 2007

jnnf, ano XXXVI, nº 380 (Novembro 2007)

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Editorial

A Igreja em Portugal
Números da Igreja Desde última visita Ad limina (cfr página 4) , dados estatísticos da Igreja Católica em Portugal mostram um cenário de transformação cada vez maior.
A viagem que os Bispos de Portugal estão a realizar ao Vaticano será a primeira do novo milénio. Dos 49 Bispos em Portugal (21 residenciais, 8 auxiliares e 20 eméritos), marcarão presença no Vaticano 37, sendo de notar a ausência do Bispo de Vila Real, por complicações no seu estado de saúde.
Desde 1999, data da última visita Ad limina, muita coisa mudou na vida das várias Diocese do país, na Igreja e no mundo.

Desde logo, o Papa que vai receber os Bispos do nosso país é Bento XVI, que será informado da realidade das 21 Dioceses portuguesas. Os relatórios entregues pelos prelados deverão abranger um período ligeiramente superior aos 5 anos requeridos pelo Vaticano, procurando mostrar o rosto da Igreja nestes novos tempos.
A frieza dos números ajuda, desde logo, a perceber este clima de mudança: o “guia” da Igreja Católica de Portugal confirma, na sua edição de 2007, a quebra progressiva do número de Baptismos e de ordenações sacerdotais, entre outros.
De 2000 a Dezembro de 2005, o número de sacerdotes diocesanos baixou de 3159 para 2934 (menos 225), enquanto que o clero religioso manteve praticamente o mesmo número. A situação de 2005 mostra que por cada dois padres que morrem (nesse ano foram 80), apenas um é ordenado (41 novos sacerdotes). A isto se somam, em média, 5 defecções por ano.
Apesar desta quebra no número de padres, a esmagadora maioria das mais de 4 mil paróquias continuam confiadas à administração sacerdotal (99,54%) e apenas 20 paróquias são administradas pastoralmente por diáconos, religiosas e leigos, número aliás que tem vindo a decrescer de forma consistente.
Os seminaristas de filosofia e teologia também são menos, segundo os últimos dados disponíveis: de 547, entre diocesanos e religiosos, em 2000 passou-se para 475 em 2005.
O número de Baptismo mostra uma redução significativa, mas esse dado deve ser lido à luz da variação do número de nascimentos em cada ano. Em 2000 foram baptizadas mais de 92 mil crianças com menos de 7 anos, e em 2005 esse número ficou-se pelos 79 236. Comparativamente a 2001 (100 256) a quebra é de mais de 20%.
Os Baptismos depois dos 7 anos representam, actualmente, cerca de 6% do total e chegou, em 2005, aos 5301 (5938 em 2000).
Em Portugal, a percentagem de católicos é agora de 89,9% - 9,35 milhões de católicos para uma população de 10,4 milhões de pessoas. O Recenseamento da Prática Dominical, datado de 2001, mostrava que o número total de praticantes não chegava, contudo, aos 2 milhões de fiéis.
O nosso país tinha no final de 2005, segundo os dados da CEP, 50 Bispos, 2934 padres diocesanos, 1050 padres de Institutos Religiosos, 174 diáconos permanentes, 321 religiosos professos e 5890 religiosas professas.
Um dado curioso diz respeito aos Bispos titulares das Dioceses: desde o ano 2000, foram 12 as Dioceses (mais de metade) que passaram a contar com um novo Bispo (a que se somam outros quatro Bispos Auxiliares actualmente em Braga, Évora e Lisboa). Apenas três Dioceses têm um Bispo há mais de 10 anos, sendo que o "decano" nesta matéria é D. Maurílio de Gouveia, à frente da Arquidiocese de Évora desde 1981.
No quadro temporal em análise ganham ainda relevo a assinatura da Concordata entre Portugal e a Santa Sé, no ano de 2004. O documento consagrava o princípio da "cooperação", mas tem gerado algumas dificuldades por causa dos atrasos na regulamentação de pontos delicados.
Entre as várias alterações promovidas pela Concordata de 2004, destacam-se as que se referem às matérias fiscais e ao reconhecimento da personalidade jurídica da Conferência Episcopal Portuguesa. Outras mudanças foram também introduzidas na nomeação dos Bispos, no estatuto da Universidade Católica Portuguesa e na assistência religiosa que a Igreja Católica presta nas Forças Armadas, nas prisões e nos hospitais.
Também deste período data a Lei da Liberdade Religiosa e a criação da Comissão da Liberdade Religiosa, onde a Conferência Episcopal Portuguesa se faz representar por dois elementos. O quadro legal criado não impede, contudo, o crescimento de uma onda secularizante e laicista na sociedade, que tende a remeter a presença da religião para a esfera privada.
Um capítulo que não deverá faltar nesta visita, apesar de não directamente relacionado com a Igreja, é o do último referendo ao aborto, onde se assistiu a uma mobilização de leigos que só encontra paralelo nos tempos da Acção Católica. A liberalização do aborto levou a CEP a falar numa "mutação cultural", expressão que, em larga medida, resumirá perante o Papa o essencial da vida da Igreja e da sociedade do nosso país, nestes últimos anos.
(in Ecclesia)

A formação cristã nas nossas comunidades – Catequese
Nariz

A catequese de Nariz começou as suas actividades deste ano 2007/2008 no dia 07 de Outubro.
Este ano, do 1º. ao 10º. ano temos 102 crianças na catequese e 22 catequistas.
No 11º. Ano – ano de preparação para o Crisma – temos 8 jovens e 2 animadores.
Peçamos ao Senhor que toda esta gente chegue ao fim do ano apostólico consciente da sua e da nossa responsabilidade.
A catequese é um serviço da comunidade à comunidade, tendo como ponto central e fundamental Jesus Cristo.
Que no final do ano todos possamos dizer “Dei o meu melhor mas valeu a pena” e ainda “Não fiz mais que o meu dever”.
M.S.

Nossa Senhora de Fátima

O início da catequese, com a abertura solene das actividades no passado mês de Outubro, marca o reencontro de todos com novas responsabilidades, com novos grupos, com novas iniciativas.
Na missa, para além da apresentação do primeiro ano, o ofertório foi representativo da diversidade de participação. Ali, na mesa da eucaristia, os vários símbolos, devidamente explicados à comunidade, representaram também o compromisso dos catequistas, que também foram apresentados, com este ministério do anúncio, o mesmo anúncio que Cristo transmitiu aos apóstolos, que os apóstolos fizeram nas comunidades e que as comunidades foram actualizando pelo Magistério da Igreja.

III Exposição/ Venda de trabalhos – Nª Sª Fátima
Dia 11/11/07
Local:
Salão polivalente de N. Sra. de Fátima
Horário:
12h 00m-Abertura solene
14h30m-Desfile de moda - FátimaFashion,
Venda de Trabalhos

Grupo das terças

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Movimento Paroquial
Falecimento
No dia 15 de Outubro, faleceu em Mamodeiro, com 78 anos, Iria Valente da Costa. Sua filha Rosa Valente da Costa, neta e demais família, agradecem a todos os que acompanharam a sua ente querida à última morada.


Grupo de Coral de Nossa Senhora de Fátima realizou encontro de convívio anual

Amigos do Jornal
Nariz

Manuel Campina Vieira 5, Maria Vieira Zagalo 10.
Verba
Carlos Simões 5, Joaquim Benabento 2, Júlio Moreno 10, Victor Ferreira Simões 5.
Mamodeiro
Adérito Ferreira 10, David Marques10, Joaquim da Silva Neto 10.
Póvoa do Valado
Anabela Costa 5, Cruz & Cruz 10, Diamantino Antunes Correia 5, Goreti Simões 5, Isabel Nolasco 10, Joaquim Simões Rodrigues10, José Santos Brás 5, Lúcia Pinho 2, Luís Claro 5, Manuel Camelo 5, Manuel Carvalho Maia 5, Manuel Coutinho10, Manuel Polónio 10, Manuel Simões Carvalho 5, Manuel Simões Pinheiro 5, Maria Augusta Pinto 5, Maria Balbina 1, Maria da Costa Rio 5, Maria Mota 5, Natália Lopes 5, Paulo Costa 5, Pompílio Oliveira Nunes 10.

Contas relativas ao sino, relógio e festa em Honra de Nossa Senhora da Anunciação

Total da festa – 11.600,15€
Total do sino – 8.619,50€
Informamos que entregámos 2.040,00€ á empresa PERES MARQUES, valor exigido pela mesma para a encomenda do sino. Devido a fuga do gerente da empresa, fomos lesados nesse valor. Desta forma, retiramos ao valor da festa 810,50€ para cobrir o desfalque. O valor do sino actual foi de 7.390€.
Obras da Capela – 2.385€
Forno do largo de festas – 150€
Total da Receita – 17.479,55€
Ambão para a capela de Nossa Senhora da Anunciação – 387€
Total de despesa – 15.332,65€
Lucro – 2.166,90€
Agradecimentos
A comissão agradece à IMPORTINTAS que ofereceu uma grande parte das tintas para a Capela.
Agradecemos ainda a todas as pessoas que ajudaram com o seu esforço, com o trabalho e pela disponibilidade que dispensaram.
Muito obrigada a todos!
A comissão de festas em Honra de Nossa Senhora da Anunciação

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Susana Maia (Mamodeiro) parte para o Kosovo

A Susana P. Vieira Maiaé militar (Cabo Adjunto)! No dia 21 de Setembro partiu no 2º Batalhao de Infantaria 2º B.I./Kfor, por um período de seis meses, em missão de Paz no Kosovo. O contingente está no Aquartelamento SLIM-LINES em Pristina (Kosovo).
Filha de Carlos Sá Maia e Rosa V.Braz, frequentou os grupos paroquiais, onde fez a sua iniciação cristã, é distribuidora do “Notícias de Nariz e Fátima”.
Uma missão como esta estamos habituados a ouvir falar nela pela televisão. Porém, agora é uma pessoa que conhecemos, a sua família e amigos são nossos vizinhos e, como eles, desejamos que o tempo fora do país e os riscos que sempre contém faz-nos próximos, solidários, desejando que regresse bem e com a alegria do dever cumprido.

Grupo das Terças - III Exposição/ Venda de trabalhos.

No próximo dia 11 de Novembro irá decorrer a III Exposição e Venda de trabalhos realizados por um pequeno grupo da nossa paróquia nas suas reuniões de terça-feira e nos seus tempos livres em casa.
Face ao sucesso alcançado nos anos anteriores o grupo ganhou novo alento para continuar o seu trabalho.
Ao longo destes meses, muitas foram as palavras de encorajamento recebidas. Conterrâneos emigrados visitaram - nos nas suas férias e mostraram –se agradavelmente surpreendidos com esta iniciativa.
O grupo alargou – se com elementos das paróquias limítrofes o que contribuiu para o enriquecimento de todos pela partilha de saberes e de experiências.
O objectivo do grupo não é o lucro. Disponibiliza tempo e materiais.
A venda é apenas o culminar de um trabalho, que não pretendemos para nós, mas para a paróquia.
Sem a sua participação, tal não é possível.
Contamos consigo.
Aproveite o Magusto de S. Martinho e faça algumas compras.
Vai ver que vale a pena.

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Contornos históricos da visita Ad limina
Tradição remonta aos primeiros séculos do Cristianismo e é obrigatória para os quase 5 mil Bispos de todo o mundo

A expressão Ad limina foi utilizada frequentemente pelos cronistas medievais ao referirem o exercício piedoso dos fiéis de empreenderem viagem até Roma, em espírito de peregrinação, para visitar os túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo.
A tradição da presença e morte martirial dos dois Apóstolos na capital do Império romano foram factores que muito contribuíram para o apreço sempre crescente que de todo o mundo cristão se votou desde cedo à comunidade de Roma.
Essa ligação piedosa rapidamente se mostrou indissociável dos bispos que presidiam à comunidade romana, tidos como sucessores de S. Pedro e do testemunho singular do apóstolo S. Paulo, ambos ali sepultados e venerados.
Essa consciência viva teve reflexos positivos no cristianismo esparso por todo o Império. Santo Inácio de Antioquia, por escritos que legou a algumas comunidades cristãs, enfatiza a caridade da comunidade romana e reconhece-a como legítima herdeira do singular alicerce que foram os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Um pouco mais tarde, S. Cipriano, exprimindo o sentir do cristianismo do norte de África, reconhece preeminência à sede romana, equiparando-a à cátedra de Pedro.
Decorrente dessas tradições, o bispo de Roma (papa), paulatinamente, vê-se na contingência de alargar a sua área de intervenção: da comunidade local estende-a rapidamente a toda a zona itálica e, de forma mais abrangente, incluindo mesmo as áreas patriarcais (do Oriente), é aceite como referencial importante na ordem da caridade e da comunhão (1º milénio).
Esse múnus alargado deveu-se, sem dúvida, à acção exemplar dalguns bispos de Roma e a circunstâncias históricas recorrentes que cedo puseram à prova a capacidade interventiva dum papado emergente; a firmeza doutrinal e a defesa intransigente das populações ameaçadas pela nomadização de povos bárbaros singularizaram sucessivamente uma plêiade de bispos que ocuparam a Sede de Roma. Essas dinâmicas muito contribuíram para que à Sede romana se lhe agregassem outros títulos: Sede Apostólica (S. Dâmaso), Primeira Sede, etc., equiparando o seu bispo, o papa, a S. Pedro (S. Leão Magno). A forma feliz como terminou o concílio de Calcedónia (451) muito contribuiu para a aceitação futura da autoridade universal do bispo de Roma.
A par dessa ascendência, praticava-se com certa intensidade o culto por todos os que tinham testemunhado a fé até ao martírio. De muitos se fazia memória, mas, em Roma, muito em particular, por aqueles que tinham sido os iniciadores do cristianismo local: S. Pedro e S. Paulo.
O pendor sacralizante que se afirmou após a liberdade constantiniana teve particular incidência no ordenamento do tempo, na delimitação dos espaços e em tudo aquilo que tinha a ver com a vida desses lugares - pessoas e objectos. Como reflexo dessa nova mentalidade, adquirem estatuto de lugares sagrados algumas localidades da Palestina, mormente a cidade de Jerusalém. Roma, em virtude da presença dos túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, adquire de igual modo o estatuto natural de cidade santa.
Essas referências sacrais tiveram impacto nas comunidades cristãs; foram muitos os que desde então se deram ao exercício piedoso da peregrinação. Os que se deslocavam a Roma quiseram, sobretudo, visitar (visitare) os" sepulcros" (limina), os "santuários" dos dois Apóstolos (apostolorum).
A partir do século VIII, a par daquela prática dos fiéis cristãos, os laços pastorais e jurídicos tendem a acentuar-se cada vez mais entre os bispos e o papa. São muitos os bispos que de Itália se deslocam a Roma para participar nos sínodos romanos; de igual modo, mesmo do cristianismo mais distante, se dirigem à Urbe os arcebispos para receberem o Pálio; a uns e a outros, em virtude da sua deslocação a Roma, se aplicou a expressão - visita Ad limina.
Segundo milénio

No fim do primeiro milénio, foi prática habitual dum grupo razoável de bispos se dirigirem a Roma para visitar os túmulos dos apóstolos e conferenciar com o papa sobre assuntos de natureza pastoral e administrativa. Um pouco mais tarde, os papas da reforma gregoriana (séc. XI-XII) estimularam essas visitas, insistindo de quando em vez num juramento de fidelidade ao pontífice. Insistia-se na periodicidade, sem especificar o espaçamento dessa deslocação.
Após o concílio de Trento (1545-1563), em ordem à implementação das determinações conciliares, sobressai um papado reformador. A abrangência das áreas a reformar pedia esforço conjunto - do centro (Papa) e da periferia (bispos). Nesse sentido, houve a preocupação de reorganizar os serviços centrais da Igreja (Cúria) e estruturar outros mecanismos que permitissem uma proximidade maior entre o episcopado e o bispo de Roma - o papa.
Sisto V(1585-1590), percepcionando as urgências recorrentes, pela bula Romanus pontifex (1585), faz da visita Ad limina um acto obrigatório para todo o episcopado católico. A periodicidade dessa deslocação a Roma não se deu de forma igual para todos os bispos. Teve-se muito em conta a situação geográfica dos vários episcopados. Inicialmente, para os de Itália e outros territórios vizinhos pedia-se a sua presença em cada três anos. Para os da Europa central, espaçava-se o tempo para quatro anos. Para os dos territórios missionários (outros continentes) a periodicidade ia até aos 10 anos.
Essa visita formal devia ser acompanhada dum relatório, previamente preparado, sobre a vida da diocese - Relatio status diocesis, atendo-se a formulários comuns que cobriam praticamente todas as áreas da vida diocesana.
As determinações sistinas têm-se mantido, grosso modo, até aos nossos dias. O Código de Direito Canónico (1983), nos cânones 399 e 400, dá orientações claras para o cumprimento daquela obrigação. Mantem-se a obrigatoriedade do relatório e a deslocação do bispo a Roma ou, em caso de impedimento, a presença de quem o melhor possa substituir (bispo coadjutor, se o tiver, ou auxiliar, ou ainda por um sacerdote do seu presbitério).
Na óptica de Sisto V, esses relatórios e encontros fraternos seriam instrumentos e ocasiões privilegiadas para se encontrarem as melhores linhas de actuação para uma Igreja sempre reformanda (sempre em dinâmica de ajustada reforma). Por trás da norma jurídica, havia, de facto, a preocupação de associar todos os bispos às grandes vertentes reformadoras.
As determinações sistinas foram pensadas para um colectivo de bispos que não ultrapassava muito as seis centenas de bispos do universo católico da altura. Muitos desses, viram-se ainda incapacitados de empreender uma tal viagem. Hoje, o encontro pessoal com o papa continua a fazer-se para os actuais cerca de 5000 bispos. Por razões óbvias, a disponibilidade de tempo nem sempre permite um encontro demorado. De todos os modos, a prática encerra uma densidade de afecto e comunhão com o Pastor que, a partir da cadeira de S. Pedro, preside na caridade ao múnus apostólico de conduzir o povo de Deus.
A visita Ad limina, desde a sua instituição até aos nossos dias, na sua execução, tem sido observada de forma flexível. Sem recuarmos muito no tempo, registe-se que durante os dois conflitos mundiais as visitas tornaram-se praticamente irrealizáveis para uma parte significativa do episcopado mundial.

Pe. David Sampaio Barbosa, Professor de História da Igreja - UCP – Lisboa
(in Ecclesia)

segunda-feira, outubro 22, 2007

jnnf, ano XXXVI, nº 379 (Outubro 2007)

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Editorial
As comunidades retomam o seu compromisso pastoral marcadas pela Semana da Educação Cristã
«O suave peso de educar»
Uma reflexão sobre a relação entre a educação e as comunicações sociais
1. Os meios de comunicação social, na crescente vastidão das suas modalidades e das sofisticadas tecnologias que lhes estão associadas, constituem uma singular revelação do génio inventivo da humanidade. Em particular, os meios mais modernos são "autênticas maravilhas saídas do género humano" (1).
Os acontecimentos, as ideias e as imagens que constantemente transmitem, as descobertas científicas e técnicas que divulgam e as culturas que difundem dotam as pessoas de novos meios de percepção do mundo, contribuem para estreitar os laços de união da humanidade, despertam atitudes de solidariedade e estimulam o progresso material e espiritual.
Podemos reconhecer que, dadas as características de expansão quase universal e de profunda influência dos meios de comunicação social, não existe lugar onde não seja sentido o seu impacto no comportamento religioso e moral, nos sistemas políticos e sociais e na educação (2).
Tal influência reveste-se também, frequentemente, de aspectos negativos, que afectam o desenvolvimento pessoal, social e espiritual das pessoas, particularmente das mais jovens, e comprometem o progresso autêntico da humanidade. São fruto do domínio de lóbis económicos e ideológicos, que dissimulam a verdade e condicionam a liberdade. Traduzem-se na divulgação de modelos culturais que fomentam o individualismo e o relativismo moral, na criação de necessidades artificiais, na promoção de programas e de redes de contactos que ferem a dignidade humana, no uso e abuso das pessoas para fins predominantemente utilitaristas e economicistas. Disso se ressente, também, a visão desvirtuada e tendenciosa da religião e da Igreja, que frequentemente divulgam.

2. A
Igreja tem o maior apreço pela comunicação social e por quantos a ela se dedicam. Na complexidade das estruturas e dos códigos de linguagem dos meios de comunicação, na beleza e na harmonia com que unem a palavra e a imagem, nas imensas capacidades de aproximar pessoas e povos, na perfeição tecnológica e nas admiráveis possibilidades que se anunciam de simular mundos virtuais de aventura e de projecção de ideais sociais, em tudo isto a Igreja vê o poder criador de Deus, de que o ser humano, feito à sua imagem e semelhança, participa.
Os meios de comunicação são dons que Deus põe ao serviço dos homens e "constituem um dos mais valiosos recursos de que o homem pode usar para fomentar o amor, fonte de união" (3). Orientados nesta direcção, colocam-se ao serviço da vontade salvífica de Deus e seguramente contribuirão para o desenvolvimento pleno da pessoa e das sociedades, em ordem à construção da "civilização do amor". E, na perspectiva cristã, esta comunhão de amor "encontra o seu fundamento e figura no mistério primordial da inter-comunicação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que vivem uma única vida divina" (4).
3. Cristo é o "perfeito Comunicador" (5). Deus incarnado e plenitude da revelação, Cristo comunicou a sua mensagem pela palavra e o dom da sua vida, de forma compreensível e iluminadora das situações de vida das pessoas do seu tempo.
A Igreja tem por missão anunciar Cristo e a sua mensagem. Enraizada no mundo e comprometida com o presente e o futuro da humanidade, assume a comunicação como constitutiva da sua própria essência (6).
Através dos seus próprios meios de comunicação social, ou daqueles que a sociedade coloca ao seu dispor, a Igreja não só divulga a mensagem e a vivência do Evangelho, contribuindo assim para a educação da fé dos cristãos, como, pela divulgação das suas perspectivas sobre a vida e a história da humanidade, abre-se ao diálogo com a sociedade, dando o seu contributo específico para a construção de uma cultura que integre os valores humanos e cristãos, e, desse modo, concorra para a formação integral do ser humano.
4. "Os complexos desafios que se apresentam para a educação nos dias de hoje estão frequentemente vinculados à ampla influência dos meios de comunicação social no nosso mundo" (7). São questões que afectam a sociedade, no seu todo, e, particularmente, as instituições educativas. Por isso, afectam também a Igreja, comprometida, pela sua própria natureza, na missão educativa.
Nesta Semana Nacional da Educação Cristã, propomos aos educadores cristãos - pais, professores de Educação Moral e Religiosa Católica ou de outras disciplinas, párocos, catequistas e outros educadores - e a quantos se lhes queiram associar, a reflexão e o debate sobre alguns desafios que os meios de comunicação social lançam à educação das crianças e dos jovens, a saber:

  • a formação das crianças e dos jovens para a correcta utilização dos meios de comunicação social;
  • a preparação dos educadores para o conhecimento e o uso de novas tecnologias de comunicação;
  • a capacitação humana e material das estruturas de coordenação educativa para melhor responderem às novas exigências de formação, com meios adequados.

Não é nosso objectivo dar respostas definitivas a estas questões. Queremos, apenas, lançar algumas pistas de reflexão e sugestões, como seguem.
5. Educar as crianças para o uso correcto dos meios de comunicação social é uma responsabilidade irrenunciável dos pais, da escola e da Igreja.
O crescimento acelerado de novas formas de comunicação social - que assume o seu expoente na internet - e o acesso cada vez mais facilitado aos instrumentos tecnológicos, sobretudo a televisão, o computador e o telemóvel, conduzem a uma situação de concorrência entre a influência formativa dos meios de comunicação social e a da família, da escola e da Igreja, por vezes geradora de conflitos (8). Efectivamente, essa desarmonia pode alterar a qualidade das relações humanas, tão necessária ao desenvolvimento equilibrado das personalidades.
Não raro, pais, professores, catequistas e outros educadores, sentem-se ultrapassados pelos seus filhos e educandos, sobretudo por três factores: a vastidão de informações e de conhecimentos que adquirem através das novas tecnologias, que dominam de forma quase mecânica; os programas de entretenimento, que facilmente os isolam dos contactos interpessoais, privando-os, entre outras coisas, do diálogo familiar; e as vastas relações que estabelecem, não isentas de formas dissimuladas de manipulação. Para essa corrida sedutora aos meios de comunicação contribui muito a influência dos grupos de idades afins em que jovens e crianças estão inseridos.
Há que enfrentar e responder a este desafio colocado a todos os educadores, procurando que se formem adequadamente no conhecimento e na utilização das novas tecnologias, descobrindo as riquezas e os riscos a ela associados. Esta é uma condição essencial para poderem orientar as crianças e os jovens para um uso crítico dos meios de comunicação social, em que se deixem guiar por critérios e valores que lhes permitam fazer escolhas enriquecedoras, crescendo, desse modo, no exercício de uma liberdade responsável.

O papel que os pais devem assumir neste ponto é de importância primordial, pois são os primeiros responsáveis pela formação dos filhos para o uso prudente dos mecanismos oferecidos pelas novas tecnologias.
6. No campo da educação, há que estabelecer o equilíbrio entre a formação adquirida pela imagem, predominante nas mensagens televisivas e que mobiliza, especialmente, emoções, sentimentos e afectos, e a formação veiculada pelos processos que valorizam a leitura, mais apta a estimular uma racionalidade e uma reflexão fundamentais num crescimento humanamente integral.
Estabelecer esse equilíbrio, que garante o desenvolvimento integral das capacidades da criança e do jovem, é um desafio a todas as instâncias educativas, de modo especial à Catequese e à Educação Moral e Religiosa Católica, numa fase de preparação e lançamento de novos catecismos, manuais e outros materais didáctico-pedagógicos.
7. Finalmente, apelamos aos órgãos de coordenação da Catequese e do Ensino Religioso Escolar, em plano diocesano e nacional, aos responsáveis das escolas católicas e aos párocos para que progridam na utilização de recursos educativos, investindo em equipamentos e em formação, criando páginas electrónicas que veiculem propostas próprias ou resultantes das suas pesquisas.
8. Educar é uma tarefa sempre complexa e difícil. Ser educador é um dom e uma responsabilidade.
Nas circunstâncias actuais, adensam-se as problemáticas e impõem-se novas exigências formativas para os educadores. Unidos a Cristo, que disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei" (Mt 11, 28), estaremos seguros de poder experimentar "o suave peso de educar".

É importante clarificar
PUCA - Plano de Urbanização da Cidade de Aveiro

Pelo plano aprovado, agora com um novo período de reclamação – chamamos à atenção do Edital, na Página 4 – podemos afirmar que a cidade de Aveiro vem até Nossa Senhora de Fátima! Contudo, notamos, com justificada preocupação, que o PUCA apenas traz até às portas das nossas casas “zonas industriais, armazenagem, serviços e comércio”!?
Compete a todos nós reflectir sobre estas mudanças.
Apresentamos mais cicno sugestões de reflexão.

Primeira - O desenvolvimento é óptimo mas tem de ser sustentado na clareza de processos e no equilibro entre as causas e os efeitos (por exemplo, uma fábrica pode ser óptima num determinado terreno mas se vai acabar com o futuro das pessoas é melhor repensá-la, deslocá-la). Quem é que aceita, não estando a contar, um presente tão bem embrulhado, com um bonito rótulo (“zonas industriais, armazenagem, serviços e comércio”), que não diz nada de substancial, apenas “Artigo 42º - Definição e Usos
1- Zona que se caracteriza por uma ocupação dominante de edificações de uso industrial e de armazenagem. 2- Serão ainda admitidos usos comerciais, de serviços e, quando se justificar, habitação destinada a guarda das instalações ” O artigo seguinte (do Regulamento do referido Plano, no site da Câmara), continua vago até no que diz respeito às zonas verdes “g) Deverá garantir-se uma arborização adequada à ocupação prevista no lote ou parcela” – o que é “adequada”? Um árvore de 100 em 100 metros? Duas? Um pinheiro? Eucaliptos?...
Segunda– Há qualquer coisa de estranho num Plano de Urbanização que invade uma freguesia sem consultar os habitantes dessa freguesia, fazendo de conta que os terrenos afectos à zona industrial pertencem à freguesia da Oliveirinha! É estranho, não é? Acreditando que os técnicos da Câmara (desde topógrafos, que fizeram o levantamento dos terrenos, aos advogados, que conhecem as leis nacionais) não são ignorantes… aquilo está em Nossa Senhora de Fátima!
Terceira – Há qualquer coisa de anacrónico, sem sentido, num Plano Urbano (urbano!?) que não respeita os elementos urbanos já aprovados pela mesma entidade (Câmara Municipal de Aveiro)! Um bairro, o do Chão Velho, de moradias unifamiliares, fica literalmente cercado por uma zona industrial!? O que é que isto tem de urbanismo ou de planificação?
Quarta – Aparentemente, esta pode ser uma valorização com muito interesse para a Póvoa do Valado, para a Freguesia no seu todo. Porém, fica de fora o mais importante: as pessoas e os serviços essenciais para o seu dia-a-dia (Regulamento do PUCA). Um plano urbano com uma zona industrial, por coincidência assinalada, destacada, no mapa com a cor roxa, uma cor que, na nossa cultura judaico-cristã é associada à tristeza, aos tempos de sacrifício, de conversão (Advento e Quaresma), quando faz fronteira ou é inserido numa malha habitacional deve contemplar, no mínimo, todas as virtudes e vicissitudes dessa decisão. Passe o exagero, é a mesma coisa que uma pessoa construir uma casa e encaminhar todas as saídas de dejectos por o quintal do vizinho porque isso já não lhe pertence (e no caso, Nossa Senhora de Fátima ainda é concelho de Aveiro!);
Quinta – Porque é que não se envolve toda a freguesia no PUCA, de uma forma harmoniosa, com serviços, equipamentos, comércio, zonas habitacionais, solo rural, estruturas ecológicas, etc?! Fica de fora para mais tarde ser retalhada com um outro plano qualquer que destrua umas tantas residências e, às pessoas, seja disponibilizada habitação social no Bairro de Santiago, do Griné ou outros idênticos a construir!?
È preciso unir esforços e pedir os esclarecimentos devidos junto da Câmara, como está referido no Edital já citado.

M. Oliveira de Sousa

Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima

Sobre o PUCA. Dia 14 de Outubro de 2007, às 15.30h, no Salão Polivalente

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Movimento Paroquial
Nossa Senhora de Fátima

Baptismo
Foi baptizado na igreja de Nossa Sra. Fátima, no dia 9 de Setembro, Luís Manuel Lopes Fernandes, filho de Maria Manuela de Sousa Lopes e António Luís Maia Fernandes. Foram padrinhos António e Emília.

Bodas de Ouro matrimoniais
No dia 15 de Setembro celebraram as bodas de ouro matrimoniais o Sr Vítor Manuel Dias de Carvalho e a D. Maria Fernanda Marques Mostardinha. A ocasião serviu para juntar a família e dar graças a Deus por meio século de vida em comum, pelas muitas coisas boas que se edificaram e, porque não, as que nem sempre foi possível fazer a contento de todos; a obra de Deus é construída ano após ano e, cada ano, tem sempre – no que isto tem de simbólico –as suas Primaveras, os seus Outonos, os seus Invernos mas também a luz da primavera e do Verão que se reflecte no futuro.
O “Notícias de Nariz e Fátima” apresenta votos de das maiores bênçãos de Deus para estas famílias.

Falecimentos


No dia 31 de Agosto, faleceu, com 58 anos de idade, Cláudio Portugal Ferreira Barreiro, de Mamodeiro. Os seus familiares, mãe, esposa e filhos, agradecem o acompanhamento prestado por todas as pessoas nestes dias de luto.


No dia 23 de Setembro, faleceu, com 56 anos de idade, Albino Jorge Carvalho Parado, da Póvoa do Valado.
A sua família apresenta profundo agradecimento a todos os que apresentaram condolências e acompanharam neste momentos de dor.


Amigos do Jornal
Nariz

Amílcar Loureiro 5€, Anónimo 5€, Grupo de Jovens de Nariz (Escrina) 94,17€, Idalete Oliveria Simões 10€, Maria Natália J. Figueiredo (S.J. Talha) 10€, Valdemar Magalhães 10€.
Verba
Amélia Moreira 5€, Antónoi Cândido 6€, Fernanda Barros 7€, Juta Bartel 10€, Madalena Martins 10€, Manuel Dias 20€, Mara da Luz 6€, Maria Encarnação 6€.
Mamodeiro
António Luís Maia Fernandes 20€, Hermínio Esteves 5 €.
Póvoa do Valado
Albino Freitas 5 €, Carlos Cação (França) 20€, Célia Oliveira 5€, João Pereira da Silveira (França) 20€, Laurinda Simões Coutinho 5€, Maria Irene Cação 5€, Olímpia Júlia de Jesus 5€.
Póvoa do Valado (Chão Velho)
Adélio Silva 10€, Ana Simões 10€, Carlos F. Santos 7€, Cristina Simões 10€, Ismael Seixas 5€, Manuel Gregório Gonçalves 10€, Pedro Marques 4€.

Página 3

Testemunhos de vida
O Pe Artur partiu para o Pai
Nos anos 1944, 45, 46, deslocava-me ao Seminário de Aveiro dois dias por mês para cortar o cabelo aos seminaristas, e nem só, pois era, ao tempo, profissional de barbearia.
Foi aí que conheci o seminarista Artur Tavares de Almeida; era conhecido por Artur “Avanca”, porque existia outro Artur naquele estabelecimento de ensino.

Cortei o cabelo muitas vezes ao “Avanca” sem sequer pensar que esse mesmo “Avanca” viria a ser, mais tarde, Pároco da minha freguesia e que, embora modestamente, eu viesse a ser seu auxiliar em algumas tarefas.
Colaborei com o Pe Artur na execução de vários trabalhos de interesse comunitário. Posso dizer que passou pela freguesia um homem imitável mas dificilmente inigualável. Esse HOMEM, e escrevo com maiúsculas, foi o Pe Artur Tavares de Almeida.
Sacerdote íntegro, inteiramente submisso aos votos de pobreza, castidade e obediência aos seus superiores hierárquicos, que livremente escolheu na sua ordenação. Acérrimo defensor das suas convicções, austero e obstinado, muito dinâmico, empreendedor e trabalhador, era exigente em pedir mas bem generoso a dar.
Por tudo o que fez pela freguesia é merecedor de ser apontado como exemplo, pois abriu um espaço único de definido, onde se espelha a grandeza da sua obra, a força do seu talento e o desprendimento total a favor do próximo, reservando apenas para si a recompensa divina.
Altamente compreensivo para com os seus detractores, aqueles que o criticavam e por vezes aviltavam, o Pe Artur respondia calmamente… “eles não são maus, querem confessar publicamente que nada fazem”!
Fazendo fé no adágio que diz pelo sabor dos frutos que se classifica a árvore, temos de afirmar que a árvore morreu de pé e os frutos atesta a sua existência. Por aquilo que deixo dito e por muito mais, sem favor poderia dizer, o Pe Artur conseguiu ultrapassar a barreira da morte e continua vivo, e bem vivo, e podemos vê-lo, admirá-lo sempre que olharmos para as obras que realizou.
Obrigado Pe Artur!
Que o Pai o receba na sua Glória e lhe conceda a Paz; aquela Paz que nem sempre lhe facultámos na terra!

Augusto Branco


Dos nossos leitores - Parábolas com memória

O menino pobre a rica avarenta
Em Fevereiro de 1954, um menino de doze anos, pobre, frequentava a Escola Primária, como na altura se chamava, e levava na sua sacola um pequeno lanche: um punhado de azeitonas e um naco de pão de milho (alternada, outras vezes, com uma cebola crua com sal!).
Certo dia ao regressar a casa, depois de se despedir dos seus amigos, em que cada qual seguiu o seu rumo, saltou a tapada que vedava um pomar de laranjeiras com a intenção, motivada pela fome, de ali apanhar algumas.

Começou, como se imponha o respeito pelo alheio, a apanhar as que estavam no chão, a estragarem-se. De repente, ouve uma voz grave a chamar pelo seu nome. O pequenito, reconhecendo a dona do pomar à janela da sua casa. Esta convida o pequenito a sair pelo portão do quintal, a não saltar a vedação, e a trazer as laranjas que apanhara. O miúdo, envergonhado com a franqueza da senhora, fez como esta mandou.
Ao sair, a dona perguntou-lhe: “quantas laranjas levas?” “Seis” – respondeu o pequeno. “Então deixas essas aí e leva seis daquele cesto!” – retorquiu a senhora.
Meio desconfiado… lá cumpriu a ordem! E quando retoma o caminho, dá início sôfrego à magra refeição. Primeira laranja… podre; segunda, também; terceira… seca!? Nem uma! Nem uma se aproveitou!
“Esta agora” – pensou – “estes ricos são mesmo avarentos. Escolhi das mais fracas e ainda me deu pior que isso! Deixa estar que não hás-de ficar sem resposta”!
Passados uns dias, sendo tempo de laranjas, tempo Inverno, no regresso da escola, com a merenda do costume, nem tempo houve para degustar a meia dúzia de azeitonas, dada a pancada de água e as rajadas de vento! Ao passar o quintal viu a “manta” de laranjas que o temporal estava a derrubar, e… zás! “Não é tarde, nem é cedo” – comentou para si próprio. Saltou a cerca, abeirou-se de um molhe de canas e com toda a força que pode, derrubou das melhores.
Pegou no saco que servia de capuz, enche-o, e, banhado em água, carregou para casa laranjas para um mês!
E todos os dias, enquanto aquelas duraram, fez questão de, no percurso para a escola, deixar umas tantas cascas à porta da senhora!
Assim, mesmo não sendo uma atitude que orgulhe alguém, ia tentando reparar a avareza extrema de quem tudo quer.

José de Sousa Oliveira

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Gente da nossa gente
Nome:
Mónica Vieira Rodrigues
Idade:
17
Profissão:
Estudante
O que mais gosto:
Viver a vida! Estar rodeada pelos meus amigos e família, e poder dividir com eles todas as experiências que me vão surgindo no quotidiano. E … chocolate!
O que menos gosto:
Passar roupa a ferro (risos).
Actualmente estás a começar o 12º ano. É um ano de muita responsabilidade. Quais são as expectativas?
É verdade! É um ano muito exigente e importante na vida escolar de um aluno, repleto de novas emoções, da escolha definitiva para o próprio futuro profissional. É o ano que antecede a um novo e grande passo da nossa vida, isto é, a universidade. Neste momento as expectativas são promissoras e espero poder alcançar todos os meus objectivos de modo a que no próximo ano lectivo seja, enfim, uma caloira!
Que pensas seguir? (Universidade, que curso e porquê)
Pois…esse é ainda o meu grande dilema, porque ainda não está totalmente definida a minha decisão. Mas tenho em vista prosseguir os meus estudos na área da nutrição e deste modo irei, provavelmente, estudar na universidade do Porto, para tirar o curso de nutricionista. É algo ainda em fase de decisão, mas é uma profissão muito actual e com saída profissional porque, actualmente, a saúde e o bem-estar da sociedade são fundamentais e cada dia aumenta a preocupação das pessoas sobre problemas como a obesidade, excesso de peso, e este tipo de problemas pode acarretar diversas complicações a nível de saúde pessoal da sociedade, e no entanto são tão simples de prevenir com a ajuda de um profissional qualificado.
Numa altura em que se fala muito da qualidade de ensino e das escolas, como é que analisas o teu ambiente escolar (condições da escola, ambiente etc)?
Actualmente, eu frequento a escola secundária Dr. Mário Sacramento em Aveiro. Esta foi a escola que eu optei para prosseguir os meus estudos. É uma escola com um ambiente entre alunos razoável e com uma relação aluno/professor muito familiar. Como é óbvio tem alguns aspectos menos positivos, mas nada que também não haja nas outras escolas da cidade, assim como também apresenta aspectos muito bons. Em termos de professores, temos professores espectaculares, que nos cativam para a vida escolar e nos aliciam a estudar, mas como “não há bela sem senão”, existem alguns membros, que nós alunos, desejaríamos não ter o prazer de conhecer. (risos)
Mas nem tudo na vida é estudo ou trabalho. Como gostas de ocupar os teus tempos livres?
Esta é a melhor parte da vida! Eu gosto de fazer muitas coisas, de ler um grande livro ou uma simples revista, ir ao cinema ou ver um bom filme na TV, ir à praia/piscina no verão, fazer desporto (era membro da equipa de voleibol do desporto escolar da minha escola e habitualmente costumo fazer jogging ou andar de bicicleta ao final do dia, etc), adoro estar com os amigos para pôr a conversa em dia ou passar o dia completamente isolada do resto mundo a ouvir música, a pensar na vida e naquilo que ela se está e pode vir a tornar. O segredo para uma feliz e longa vida é aprender a saborear cada momento como se este fosse único e não se voltasse a repetir. Por isso, eu tento viver cada dia como se todos fossem especiais, pois na verdade nós não sabemos o que nos reserva o futuro de amanhã.
Na paróquia entre outras coisas, és acólita. Como é que surgiu a vontade de integrar esse grupo?
É verdade! Já faço parte do grupo de acólitos da paróquia à alguns anos, desde tenra idade! E sinto-me privilegiada por poder colaborar e dar o meu contributo à nossa comunidade desta forma. Esta ideia surgiu de repente, tendo sido na altura influenciada pelas minhas colegas que também estavam a pensar entrar para o grupo e de facto essa não me soou de todo estranha e pensei que seria uma boa experiência a passar e acordei um dia e decidi: “Mãe, quero entrar para os acólitos!”
Participas-te também no último campo de férias. Como é que foi essa experiência?
Inesquecível! Foi o meu primeiro campo de férias e como sempre tinha ouvido os meus irmãos comentarem acerca dos campos de férias da paróquia em que eles tinham participado e sempre falaram com tanto entusiasmo e vivacidade, que eu fiquei logo entusiasmada com a ideia de poder participar e este ano como estava disponível e recebi o convite para participar, decidi ver como seria esta nova aventura. E digo desde já, muito obrigado e parabéns à organização e para o ano estaremos cá todos para participar outra vez! Eu recomendo vivamente, é uma semana diferente, longe da civilização (TV, Internet, telemóvel, MP3, etc), e além de tudo é óptimo para travar novas amizades e até mesmo fortalecer as amizades que já levamos de fora. Foi, sem dúvida, uma semana muito bem passada com um grande contacto com a natureza cheia de actividades e novas sensações.

PUCA - novo período de discussão pública
Câmara Municipal de Aveiro
EDITAL N.º 172/2007

ÉLIO MANUEL DELGADO MAIA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL
DE AVEIRO
Faz público na sequência da Reunião Pública de 23 de Julho de 2007, em que a Câmara Municipal de Aveiro ponderou os resultados da discussão pública do Plano de Urbanização da Cidade de Aveiro, e aprovou a versão final da proposta do plano, tendo ainda deliberado a abertura de um novo período de discussão pública, face às alterações ocorridas.
No cumprimento da legislação aplicável, foi publicado o edital 713-B/2007 de 31 de Agosto, na II Série do Diário da República, a publicitar a abertura do novo período de discussão publica, a qual irá decorrer desde o dia 17 de Setembro de 2007 a 19 de Outubro de 2007.
Durante este período a proposta acompanhada do parecer da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e dos demais pareceres emitidos, encontra-se disponível para consulta, no Departamento de Desenvolvimento e Planeamento Territorial – DDPT, no Edifício do Centro Cultural e de Congressos, sito no Cais da Fonte Nova, e nos Edifícios das Juntas de Freguesia do Município de Aveiro a seguir indicadas: Aradas; Eixo; Esgueira; Glória; Oliveirinha; Santa Joana; São Bernardo e Vera-Cruz, e ainda no site da Câmara Municipal de Aveiro (www.cm-aveiro.pt).
Os interessados, devidamente identificados, devem apresentar as suas reclamações, observações, sugestões, e pedidos de esclarecimentos, mediante requerimento dirigido ao Presidente da Câmara, com entrada no Atendimento Geral da CMA, ou através de formulário disponível no DDPT e no site da CMA..
Para constar e devidos efeitos se lavrou o presente edital e outros de igual teor, que vão ser anunciados e afixados nos lugares do estilo.
Aveiro, Câmara Municipal, 13 de Setembro de 2007
O PRESIDENTE DA CÂMARA,

Dr. Élio Manuel Delgado Maia

sábado, setembro 01, 2007

jnnf, ano XXXVI, nº 378 (Agosto-Setembro 2007)

Pe Artur Tavares de Almeida
1929-2007
Nasceu, em Avanca, a 13 de Abril de 1929.
Ordenação Sacerdotal, em Avanca, em 3 de Julho de 1955.
Coadjutor de Requeixo, com a capelania de Mamodeiro e Póvoa do Valado, de 1955 a 1960.
Primeiro pároco de Nossa Senhora de Fátima, em 13 de Agosto de 1960.
Pároco de Nariz, em 29 de Junho de 1961.
Director Espiritual dos Convívios Fraternos da Diocese de Aveiro de 1974 a 1996.
Pároco de Oiã, em 10 de Setembro de 1995.
Faleceu, em 16 de Agosto de 2007.
(cfr páginas 3 e 4 deste número)
página 1
Editorial
Acção de Graças pelo Ministério do Pe Artur
Eis-me Senhor, Luz do meu caminho,
leva-me mais longe!
Que a minha atitude seja firme e molde o meu carácter;
Que o meu coração seja dócil e se transmita em olhar límpido;
Faz-me generoso e humilde, como é próprio de quem se guia por dons eternos!
Modela-me para que possa ser pedra viva na construção de uma Igreja mais Santa
e de um mundo mais humano e solidário,
em que cada peça deste maravilhoso puzzle seja o verso da Tua face!
Que seja tudo para todos:
Com as crianças, os idosos e os doentes, os primeiros apóstolos da família;
Com os emigrantes que levam memórias e trazem o pão;
Com os jovens, de abraço fraterno e disponibilidade absoluta para servir;
Com os casais, homens e mulheres das nossas comunidades que, com o seu trabalho,
as suas associações, as suas organizações, nos aproximam das belezas da criação.
Senhor,
A oração das horas de cada dia e no altar da eucaristia
Renove todos os passos da minha vida,
Uma vida que seja oração e consagração em todas as obras que edifique.
E quando o sol aparecer no meu horizonte definitivo,
Que eu esteja pronto para a última jornada!
E quando o meu olhar se declinar sobre a Tua cruz,
e vir nela reflectido o meu próprio rosto, possa testemunhar aos que me confiaste:
“Como S. Paulo, combati o bom combate, guardei a fé!
Que se erga uma nova manhã, plena de vocações,
para continuar a unir como fazem as pontes!”
M. Oliveira de Sousa

página 2
Movimento Paroquial
Fátima
- Manuel Ferreira Valente, de Mamodeiro, nascido em 27 de Janeiro de 1949, com 58 anos de idade, faleceu no dia 3 de Agosto.
O Sr Valente, pai do Pedro Valente, elemento da direcção do “Notícias de Nariz e Fátima”, é uma perda enorme para todos, naturalmente a começar pela sua família. Homem empenhado no desenvolvimento de Nariz e Fátima, pois tinha laços familiares às duas comunidades, sempre pronto e com iniciativa a todos os níveis deixa-nos a meio da idade. Todos somos passageiros nesta terra mas quando a obra fica a meio custa ver partir quem tanto tinha para dar. Associamo-nos à sua família e assumimos também este canto de esperança e saudade:
Custa-nos muito acreditar
Como pudeste partir assim.
Nunca vamos deixar de te amar,
Pois o nosso amor por ti não tem fim.

- João Gonçalves de Almeida, com 69 anos de idade, da Perajorge, casado com Ascensão Marques de Jesus, faleceu no dia 19 de Abril. O seu funeral realizou-se no dia seguinte.
- Maria Marques da Costa, da Póvoa do Valado, com 82 anos de idade, faleceu no dia 11 de Agosto. O seu funeral realizou-se no dia seguinte.
A sua família agradece a todos os que acompanhar a sua mãe e avó à sua última morada.


Nariz

Baptismos
- No dia 15 de Julho, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Bruno Tomás Martins Marques, filho de Carlos José Dias Marques e de Dalila Maria Martins Pereira, residentes na Rua do Tojal de Cima, em Nariz. Foi padrinho Carlos Alberto da Silva.
- No dia 29 de Julho, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Salomé Lopes Simões, filha de Moisés da Costa Simões e de Maria da Conceição Lopes Jacinto, residentes actualmente em Friburgo (Suiça), e naturais de Verba. Foram padrinhos Telmo Filipe Lopes Freire e Patrícia Moreira da Costa.
- No dia 12 de Agosto, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Tomás Frederico Marques Santos, filho de Carlos Célio Leite dos Santos e de Maria Celeste dos Santos Marques Santos, residentes na Rua Direita, em Verba. Foram padrinhos Fernando Alberto Martins Maia e Fernanda Paula dos Santos Marques.
- No dia 15 de Agosto, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Alexia Braz Cerqueira, filha de António Luís Gonçalves Cerqueira e de Marlene Simões Martins Vieira Braz Cerqueira, residentes actualmente no Luxemburgo. Foram padrinhos José Maria Gonçalves Cerqueira e Elza Maria Seixas.
- No dia 19 de Agosto, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Ruben Miguel Neves Antunes, filho de Carlos Libório Antunes e de Maria de Fátima Varela das Neves, residentes na Rua Ribeirinho II, em Nariz. Foi madrinha Natacha Katherine Oliveira Rondon.
- No mesmo dia 19 de Agosto, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Diogo Emanuel Fonseca Ribeiro, filho de Jorge Luís da Silva Ribeiro e de Isabel Marisa Pereira da Fonseca, residentes na Rua Dr. Girão Pereira, em Nariz. Foi madrinha sua tia Marilina da Silva Ribeiro.
- No mesmo dia 19 de Agosto, na Igreja Paroquial, recebeu o sacramento do Baptismo Gabriel Ferreira Reis, filho de Sérgio Ferreira dos Reis e de Graciete Moreira Ferreira, residentes na Rua Ribeirinho I, em Nariz. Foi padrinho Nelson Ferreira Barbosa.
Aos pais e padrinhos e, em especial, ao Bruno, à Salomé, ao Tomás, à Alexia, ao Ruben, ao Diogo e ao Gabriel, Notícias de Nariz e Fátima deseja muitas felicidades e muitos anos de vida cristã.
Matrimónios
- No dia 15 de Agosto celebraram o seu matrimónio, na Igreja Paroquial de Nariz, Marlene Simões Martins Vieira Braz Cerqueira, de 25 anos, natural da freguesia da Glória, residente na Rua Direita, em Verba, filha de Manuel Vieira Braz e de Maria Lúcia Simões Martins Braz, e António Luís Gonçalves Cerqueira, de 29 anos, natural da freguesia de Rego, concelho de Celorico de Basto, e residente na Rua Direita, em Verba, filho de Arlindo Vaz Cerqueira e de Carminda Gonçalves Pereira.
A este jovem casal, Notícias de Nariz e Fátima deseja as maiores felicidades, extensivas a seus pais, desejando-lhes muitos anos de vida em comum.
NOTA: Tivemos conhecimento que pessoas da nossa Paróquia contraíram matrimónio nos meses de Julho e Agosto, mas não em Nariz. Os dados que mensalmente aqui apresentamos reportam-se sempre aos assentos do Registo Paroquial em S. Pedro de Nariz. Por esta razão, não podemos apresentar os dados que não possuímos em registo.
A Direcção do JNNF
Falecimento
- No dia 9 de Julho, faleceu Maria Rodrigues de Almeida, de 95 anos de idade, viúva de Ilídio Bastos Palheirinho. Era filha de Beatriz Rodrigues de Almeida. Natural de S. João de Loure (Albergaria-a-Velha), residia na Rua do Carral, 6, em Verba.
Às famílias enlutadas, Notícias de Nariz e Fátima apresenta sentidas condolências.

Festa em honra de Nª Sª das Preces – Póvoa do Valado
Quinta, 30 de Agosto, 21h – Procissão de velas
Sexta, 31 de Agosto, - música, sardinhada às 20h e arraial nocturno (Renascer)
Sábado, 1 de Setembro – Trauliteiros, música, missa vespertina (20.30h) e arraial nocturno (O trovão)
Domingo, 2 de Setembro – Missa às 15h, seguida de procissão. Arraial nocturno (Iran Costa)
Segunda, 3 de Setembro – música, trauliteiros a percorrer o lugar. 18h – missa e procissão da entrega do ramo. Arraial nocturno (Fina Estampa)
Terça, 4 de Setembro – 16h, tarde de jogos tradicionais e arraial nocturno (Quim Barreiros)
Quarta, 5 de Setembro – 16h, jogo solteiros-casados. Arraial nocturno (MEGA)
Quinta, 6 de Setembro – Arraial nocturno (TV5)
Amigos do jornal
Mamodeiro
Alberto Sequeira 5€, Alice Melo 5€, Célia Calafate 7€, Conceição Gaspar 10€, José Ferreira de Almeida 10€, Norberto Pereira de Sousa 5 €.
Póvoa do Valado
Armando Santos Ricarte 5€, Dina Macedo 10€, Manuel Simões Neto 10€, Sebastião Neto Birrento 10€
Nariz
Amândio Vieira Marques 10€, Mário Silva Santos 10€
Verba
Albino Arsénio S. Neto 10€
página 3
A unir como fazem as pontes!
Todas as construções perduram no tempo quando são bem alicerçadas!
Esta realidade é, humanamente, tanto mais assertiva quanto a mensagem bíblica (Lc 6, 48ss e 14, 28ss) fundamenta toda a vida daqueles que, como o Pe Artur, fazem da solidez de carácter e da persistência inquebrantável um dom ao serviço dos outros.
Sei que por isso, há um traço característico naquele que será para sempre o alicerce (assente sobre a rocha, resistente, rude, sólida), da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima: as obras!
Um sacerdote a quem o Senhor chamou para exercer o seu ministério durante quarenta anos na Póvoa do Valado e Mamodeiro só podia ser – que falem mais alto as memórias de D. Domingos da Apresentação Fernandes e de D. Manuel de Almeida Trindade, o livro “Os de Mamodeiro e o bispo de Aveiro”! - um homem de carácter, que consagrasse toda a sua vida a unir, a construir a unidade.
Mas foi preciso construir tudo: a paridade entre os lavradores abastados e preponderantes e os assalariados vindos quase todos do interior norte do país; criar índices de reconhecimento dentro de cada lugar – o centro do lugar da Póvoa do Valado, por exemplo, ainda hoje é denominado por “Barreiras”, porque ninguém se atrevia a passar sozinho de um lado para o outro, ali era uma barreira intransponível; gerar a comunhão entre as pessoas, independentemente do seu estado económico! Era necessário quem lançasse mãos destemidas à obra: o Pe Artur criou e ensaiou, por celeiros e sótãos, grupos de teatro; incentivou a criação de clubes; apoiou Ranchos Folclóricos; organizou cortejos de oferendas, em que o essencial era as pessoas prepararem (encontrarem-se!) em conjunto uma peça de teatro, uma canção popular, a dramatização de um quadro da vida no campo, para animar os vários desfiles. As noites de Inverno eram animadas por semanas de Pregação – os pregadores mais lembrados são o Frei Avelino e o Pe Andrade!
Fomentou os cursos de agricultura; os cursos para donas de casa; os cursos de órgão; os cursos de catequistas; os cursos bíblicos – quando um adolescente fazia a profissão de fé oferecia, a cada um, uma Bíblia; autocarros de peregrinação a Fátima; viagens de encerramento da catequese (catequistas e famílias)…as semanas de liturgia, mais tarde em Fátima.
Era necessário aproximar os que estavam longe?! Criou o jornal “Notícias de Nariz e Fátima” – para servir as duas comunidades que paroquiava. Nariz desde 1961!
O jornal seria a boa notícia que chegava a todos os lares, também aos emigrantes a quem gostava de visitar para os manter corresponsáveis com as suas raízes. Assumia como imperativo as visitas mensais aos doentes (colocava à porta da Igreja quem, porventura, estava hospitalizado), o sacramento da confissão, a festa da Santa Unção, o Dia da Comunidade Paroquial, Nossa Senhora: todos os dias era fiel à “leitura” – como dizia - das horas e à oração do terço!
E os jovens foram uma preocupação permanente. Desde a primeira hora abraçou os Convívios Fraternos quando o Pe Valente de Matos, seu conterrâneo e fundador do Movimento, o implantou em Portugal e em Aveiro. Mas também nos grupos paroquiais, nos campos de Férias, antecâmara de anos pastorais bem sucedidos!
Mas todas estas obras de evangelização requerem – expressão sua – um espaço para se desenvolverem com dignidade! A dignidade nas celebrações eucarísticas, nas procissões, nos funerais, no apoio social, nos cuidados de saúde,… Porque “na tua vida sê sempre retrato de Deus, nunca sua caricatura”! O Pe Artur anunciava e vivia este lema em tudo o que promovia!
E conquistado o reconhecimento, o afecto das pessoas surgiu a Paróquia, a Igreja (a Igreja!), a residência, o salão, o centro social paroquial, a Freguesia (foi determinante o seu empenho), o posto médico! Renovou todas as capelas. Tudo!
E tudo foi feito com uma diplomacia sagaz! O Pe Artur era mestre na diplomacia, mesmo quando era necessário subverter o adágio: semeava ventos, gerava tempestades porque acreditava na força da bonança que viria depois!
Quando a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima celebrou festivamente as bodas de prata sacerdotais do Pe Artur, em Julho de 1980, foram editadas as tradicionais pagelas evocativas da solenidade. Chamou-me a atenção o lema sacerdotal do Pe Artur “unir como fazem as pontes”!
Passados outros vinte e cinco, confirmava-se então a obra que Deus quis que ele edificasse: unir! Unir todas as pessoas, todos os lugares, unir o que era disperso. Porém, as comunidades de Nariz e Fátima reconheciam, em agradecimento festivo, que o Senhor exigiu também ao Pe Artur desde o início que poderia unir como fazem as pontes mas em primeiro lugar tinha de as construir! Todos sabemos o resto: nem olhou para trás (Lc 9, 62)!
In “Correio do Vouga”, 29 de Agosto de 2007
Jubileu da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
1960-2010

Renovando o compromisso assumido de fazer memória dos acontecimentos que marcaram as nossas comunidades no último meio século e dos quais temos como principal fundo documental o arquivo do “Notícias de Nariz e Fátima”, revisitamos o caminho percorrido por muitos dos nossos leitores e avivamos em todos o itinerário pastoral para as bodas de ouro da paróquia de Nossa Senhora de Fátima.
Porém, não omitimos a vida da comunidade de Nariz e, fazendo uso de todas as fontes que possamos ter acesso, era notícia no Verão de 1947:
- Fazia eco do encerramento do Concílio Vaticano II, dos textos conciliares que iam chegando de Roma. Na sequência do Concílio Ecuménico, o Papa Paulo VI tinha visitado Constantinopla. Ficou célebre o abraço ao Patriarca Atenágoras.
- O jornal, criado em Março, começava a chegar aos emigrantes e estes respondiam com particularmente desvelo e carinho;
- Na Póvoa do Valado tinha sido entregue, às crianças da Escola Primária, o prémio Beatriz Canha;
- Invocavam-se dados históricos, em “grandes dramas judiciários”, que envolveram o assassinato do Pe João da Anunciação Portugal, de Mamodeiro, em meados de oitocentos.
- A estrada que liga Vessada a Verba começava a ser alcatroada;
- Nariz, não só o lugar mas toda a Paróquia, organizava uma recolha de donativos para aquisição da coroa para a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que viria a ser benzida em Outubro seguinte.
Desporto








página 4
PADRE ARTUR TAVARES DE ALMEIDA
Após uma prolongada doença, no dia 16 de Agosto faleceu o rev. Padre Artur Tavares de Almeida, pároco de Oiã; nas últimas semanas esteve internado no Lar Social de Oiã e, por fim, no Hospital do Infante D. Pedro (Aveiro).
Tendo nascido em Avanca (Estarreja) no dia 13 de Abril de 1929, após o curso dos Seminários recebeu a Ordenação Sacerdotal em 3 de Julho de 1955 das mãos de D. João Evangelista de Lima Vidal. Pouco tempo decorrido, foi nomeado vigário paroquial de Requeixo e capelão de Mamodeiro, de Póvoa do Valado e de Perajorge.
Dedicando-se com admirável zelo pastoral a estas povoações, logo percebeu que, dada a distância com a igreja matriz de S. Paio de Requeixo, sede da paróquia, elas seriam servidas em melhores condições, se constituíssem uma comunidade cristã autónoma, apesar das consequências que daí poderiam advir para Requeixo. Tudo ponderado, efectivamente o Bispo de Aveiro, D. Domingos da Apresentação Fernandes, em 13 de Agosto de 1960 instituiu a paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no concelho e arciprestado de Aveiro. O Padre Artur, que passou a ser o primeiro responsável, não iria parar no seu trabalho. Lançou-se imediatamente na construção da residência paroquial, da igreja matriz e de um edifício para a catequese e para outras actividades formativas e sociais; e, sempre com o desejo de criar pontes, mesmo com os ausentes, iniciou a publicação do boletim mensal “Notícias de Nariz e Fátima”.
Por diversas vezes deslocou-se ao estrangeiro, nomeadamente ao Canadá, aos Estados Unidos e à Venezuela, onde sabia viverem muitos emigrantes das referidas terras; foi uma presença que fortaleceu os laços tradicionais naquelas pessoas que, também pela sua generosidade, contribuíram para as obras em curso.
Criado assim um ambiente de comunhão, tornou-se facilitada a criação da freguesia administrativa de Nossa Senhora de Fátima, por lei da Assembleia da República de 11 de Julho de 1985 – facto que foi popularmente festejado conjuntamente com as “bodas de prata” da paróquia.
O Padre Artur, que também exerceu o cargo de arcipreste de Oliveira do Bairro, em 5 de Agosto de 1995 foi nomeado pároco de Oiã, por provisão de D. António Baltasar Marcelino. Durante os seus últimos doze anos, com dedicação nunca vencida por quaisquer dificuldades, prosseguiu até ao fim no mesmo espírito conciliador, lutando sempre pelo bem do povo e das diferentes povoações da freguesia.
Às 10.00 horas do dia 18, foi celebrada a Missa Exequial na igreja de S. Simão de Oiã, sob a presidência de D. António Francisco dos Santos e com a participação de D. António Baltasar Marcelino, de D. António dos Santos, de várias dezenas de sacerdotes e de alguns diáconos. O templo foi pequeno para acolher as representações das Irmandades e das centenas de pessoas (entre as quais os Presidentes da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro e da Junta de Freguesia de Oiã), que assim quiseram sentidamente homenagear e sufragar a alma do saudoso extinto. Os restos mortais, com uma breve paragem na igreja de Nossa Senhora de Fátima, foram levados para Avanca, onde tiveram sepultura no cemitério local, após a celebração da Eucaristia na igreja matriz de Santa Marinha, às 14.30 horas, por D. António Baltasar Marcelino. Em 22 seguinte, o nosso Bispo celebrou a Missa do sétimo dia, na igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Mons. João Gaspar, Vigário Geral da Diocese de Aveiro

Nª Sª de Fátima – zona industrial de Aveiro?
O princípio do fim!
Com a aprovação na generalidade do Plano de Urbanização da Cidade de Aveiro (PUCA) são criadas, a poente da Póvoa Valado, mais duas zonas industriais. Está em marcha o processo que levará quintais (na Povoa de Cima serão todos desde o nó da A17 com a EN 235, até ao Agueiro!), terras, vinhas e pinhais a serem transformados em armazéns e, porventura, fábricas de produção e poluição com matérias que ainda é cedo para saber.
É esta a herança que deixaremos para os vindouros na Freguesia de Nª Sª de Fátima: zonas industriais, autoestradas, vias de acesso e nós, caminhos de ferro (ainda falta o traçado do TGV!) aprovados por uns quantos senhores que, tudo leva a crer, por erros de gestão, compram as nossas terras e casas ao desbarato para servir quem? Alguém, no seu perfeito juízo, quer ver a destruição do património natural?
Mais no sentido Norte-Nordeste, segundo notícias recentes que apresentam informações proferidas pelo Presidente da Câmara de Aveiro, o Carrajão poderá vir a receber uma unidade de tratamento mecânico biológico de resíduos – lixo. O vento norte trará até Mamodeiro o cheiro nauseabundo como o de Taboeira. Os camiões carregados de lixo hão-de vir dos concelhos abrangidos pela ERSUC e atravessar Mamodeiro!
Os estudos rigorosos de pormenor sobre estas questões vão, seguramente, empatar-se uns aos outros. Portanto, todos terão o mesmo valor na decisão final: uns disse que sim outros dizem que não. O que se sabe é que, depois de começar, é impossível voltar para trás.
E, numa hipótese bastante ridícula, se tudo é tão inofensivo e amigo do ambiente – como se quer fazer crer – porque é que estes equipamentos não são colocados no centro de qualquer cidade. Pelo menos evitar-se-iam os gastos com as deslocações para a periferia!
Na história das civilizações ocidentais não há nenhum, rigorosamente nenhum, equipamento de serviço público que, não fosse o mau ambiente que provoca a todos os níveis: qualidade de ar, estético, mobilidade urbana, plano habitacional, tráfego, etc, podendo estar no centro é deslocado para a periferia! Depois, ainda mais para a periferia,… isto é, para terras e pessoas que menos incómodo possam provocar!
É urgente acordar para a realidade! Há outras soluções!
Não pode ser a promessa de meia-dúzia de empregos à nossa porta a levar à aceitação da destruição de tudo o que nos rodeia, da nossa memória, a secar os nossos poços, destruição de lençóis freáticos, a matar os nossos campos!
Nª Sª de Fátima precisa de qualidade de vida e tem direito a isso, como todos os cidadãos têm: vias de acesso em boas condições, áreas de lazer, construção sustentável, lençóis de água límpida, pinhal e floresta!
Quando o planeta anseia por alguma reposição da sua mancha verde para equilibrar a poluição, é lamentável ver decisões à nossa porta que condicionarão irremediavelmente o nosso futuro!
Nª Sª de Fátima não pode ficar parada, tem de ser re-inventar como terra e pessoas de carácter, de brio, de verticalidade, e manifestar os seus interesses: o bem comum!
M. Oliveira de Sousa