domingo, novembro 18, 2007

jnnf, ano XXXVI, nº 380 (Novembro 2007)

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Editorial

A Igreja em Portugal
Números da Igreja Desde última visita Ad limina (cfr página 4) , dados estatísticos da Igreja Católica em Portugal mostram um cenário de transformação cada vez maior.
A viagem que os Bispos de Portugal estão a realizar ao Vaticano será a primeira do novo milénio. Dos 49 Bispos em Portugal (21 residenciais, 8 auxiliares e 20 eméritos), marcarão presença no Vaticano 37, sendo de notar a ausência do Bispo de Vila Real, por complicações no seu estado de saúde.
Desde 1999, data da última visita Ad limina, muita coisa mudou na vida das várias Diocese do país, na Igreja e no mundo.

Desde logo, o Papa que vai receber os Bispos do nosso país é Bento XVI, que será informado da realidade das 21 Dioceses portuguesas. Os relatórios entregues pelos prelados deverão abranger um período ligeiramente superior aos 5 anos requeridos pelo Vaticano, procurando mostrar o rosto da Igreja nestes novos tempos.
A frieza dos números ajuda, desde logo, a perceber este clima de mudança: o “guia” da Igreja Católica de Portugal confirma, na sua edição de 2007, a quebra progressiva do número de Baptismos e de ordenações sacerdotais, entre outros.
De 2000 a Dezembro de 2005, o número de sacerdotes diocesanos baixou de 3159 para 2934 (menos 225), enquanto que o clero religioso manteve praticamente o mesmo número. A situação de 2005 mostra que por cada dois padres que morrem (nesse ano foram 80), apenas um é ordenado (41 novos sacerdotes). A isto se somam, em média, 5 defecções por ano.
Apesar desta quebra no número de padres, a esmagadora maioria das mais de 4 mil paróquias continuam confiadas à administração sacerdotal (99,54%) e apenas 20 paróquias são administradas pastoralmente por diáconos, religiosas e leigos, número aliás que tem vindo a decrescer de forma consistente.
Os seminaristas de filosofia e teologia também são menos, segundo os últimos dados disponíveis: de 547, entre diocesanos e religiosos, em 2000 passou-se para 475 em 2005.
O número de Baptismo mostra uma redução significativa, mas esse dado deve ser lido à luz da variação do número de nascimentos em cada ano. Em 2000 foram baptizadas mais de 92 mil crianças com menos de 7 anos, e em 2005 esse número ficou-se pelos 79 236. Comparativamente a 2001 (100 256) a quebra é de mais de 20%.
Os Baptismos depois dos 7 anos representam, actualmente, cerca de 6% do total e chegou, em 2005, aos 5301 (5938 em 2000).
Em Portugal, a percentagem de católicos é agora de 89,9% - 9,35 milhões de católicos para uma população de 10,4 milhões de pessoas. O Recenseamento da Prática Dominical, datado de 2001, mostrava que o número total de praticantes não chegava, contudo, aos 2 milhões de fiéis.
O nosso país tinha no final de 2005, segundo os dados da CEP, 50 Bispos, 2934 padres diocesanos, 1050 padres de Institutos Religiosos, 174 diáconos permanentes, 321 religiosos professos e 5890 religiosas professas.
Um dado curioso diz respeito aos Bispos titulares das Dioceses: desde o ano 2000, foram 12 as Dioceses (mais de metade) que passaram a contar com um novo Bispo (a que se somam outros quatro Bispos Auxiliares actualmente em Braga, Évora e Lisboa). Apenas três Dioceses têm um Bispo há mais de 10 anos, sendo que o "decano" nesta matéria é D. Maurílio de Gouveia, à frente da Arquidiocese de Évora desde 1981.
No quadro temporal em análise ganham ainda relevo a assinatura da Concordata entre Portugal e a Santa Sé, no ano de 2004. O documento consagrava o princípio da "cooperação", mas tem gerado algumas dificuldades por causa dos atrasos na regulamentação de pontos delicados.
Entre as várias alterações promovidas pela Concordata de 2004, destacam-se as que se referem às matérias fiscais e ao reconhecimento da personalidade jurídica da Conferência Episcopal Portuguesa. Outras mudanças foram também introduzidas na nomeação dos Bispos, no estatuto da Universidade Católica Portuguesa e na assistência religiosa que a Igreja Católica presta nas Forças Armadas, nas prisões e nos hospitais.
Também deste período data a Lei da Liberdade Religiosa e a criação da Comissão da Liberdade Religiosa, onde a Conferência Episcopal Portuguesa se faz representar por dois elementos. O quadro legal criado não impede, contudo, o crescimento de uma onda secularizante e laicista na sociedade, que tende a remeter a presença da religião para a esfera privada.
Um capítulo que não deverá faltar nesta visita, apesar de não directamente relacionado com a Igreja, é o do último referendo ao aborto, onde se assistiu a uma mobilização de leigos que só encontra paralelo nos tempos da Acção Católica. A liberalização do aborto levou a CEP a falar numa "mutação cultural", expressão que, em larga medida, resumirá perante o Papa o essencial da vida da Igreja e da sociedade do nosso país, nestes últimos anos.
(in Ecclesia)

A formação cristã nas nossas comunidades – Catequese
Nariz

A catequese de Nariz começou as suas actividades deste ano 2007/2008 no dia 07 de Outubro.
Este ano, do 1º. ao 10º. ano temos 102 crianças na catequese e 22 catequistas.
No 11º. Ano – ano de preparação para o Crisma – temos 8 jovens e 2 animadores.
Peçamos ao Senhor que toda esta gente chegue ao fim do ano apostólico consciente da sua e da nossa responsabilidade.
A catequese é um serviço da comunidade à comunidade, tendo como ponto central e fundamental Jesus Cristo.
Que no final do ano todos possamos dizer “Dei o meu melhor mas valeu a pena” e ainda “Não fiz mais que o meu dever”.
M.S.

Nossa Senhora de Fátima

O início da catequese, com a abertura solene das actividades no passado mês de Outubro, marca o reencontro de todos com novas responsabilidades, com novos grupos, com novas iniciativas.
Na missa, para além da apresentação do primeiro ano, o ofertório foi representativo da diversidade de participação. Ali, na mesa da eucaristia, os vários símbolos, devidamente explicados à comunidade, representaram também o compromisso dos catequistas, que também foram apresentados, com este ministério do anúncio, o mesmo anúncio que Cristo transmitiu aos apóstolos, que os apóstolos fizeram nas comunidades e que as comunidades foram actualizando pelo Magistério da Igreja.

III Exposição/ Venda de trabalhos – Nª Sª Fátima
Dia 11/11/07
Local:
Salão polivalente de N. Sra. de Fátima
Horário:
12h 00m-Abertura solene
14h30m-Desfile de moda - FátimaFashion,
Venda de Trabalhos

Grupo das terças

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Movimento Paroquial
Falecimento
No dia 15 de Outubro, faleceu em Mamodeiro, com 78 anos, Iria Valente da Costa. Sua filha Rosa Valente da Costa, neta e demais família, agradecem a todos os que acompanharam a sua ente querida à última morada.


Grupo de Coral de Nossa Senhora de Fátima realizou encontro de convívio anual

Amigos do Jornal
Nariz

Manuel Campina Vieira 5, Maria Vieira Zagalo 10.
Verba
Carlos Simões 5, Joaquim Benabento 2, Júlio Moreno 10, Victor Ferreira Simões 5.
Mamodeiro
Adérito Ferreira 10, David Marques10, Joaquim da Silva Neto 10.
Póvoa do Valado
Anabela Costa 5, Cruz & Cruz 10, Diamantino Antunes Correia 5, Goreti Simões 5, Isabel Nolasco 10, Joaquim Simões Rodrigues10, José Santos Brás 5, Lúcia Pinho 2, Luís Claro 5, Manuel Camelo 5, Manuel Carvalho Maia 5, Manuel Coutinho10, Manuel Polónio 10, Manuel Simões Carvalho 5, Manuel Simões Pinheiro 5, Maria Augusta Pinto 5, Maria Balbina 1, Maria da Costa Rio 5, Maria Mota 5, Natália Lopes 5, Paulo Costa 5, Pompílio Oliveira Nunes 10.

Contas relativas ao sino, relógio e festa em Honra de Nossa Senhora da Anunciação

Total da festa – 11.600,15€
Total do sino – 8.619,50€
Informamos que entregámos 2.040,00€ á empresa PERES MARQUES, valor exigido pela mesma para a encomenda do sino. Devido a fuga do gerente da empresa, fomos lesados nesse valor. Desta forma, retiramos ao valor da festa 810,50€ para cobrir o desfalque. O valor do sino actual foi de 7.390€.
Obras da Capela – 2.385€
Forno do largo de festas – 150€
Total da Receita – 17.479,55€
Ambão para a capela de Nossa Senhora da Anunciação – 387€
Total de despesa – 15.332,65€
Lucro – 2.166,90€
Agradecimentos
A comissão agradece à IMPORTINTAS que ofereceu uma grande parte das tintas para a Capela.
Agradecemos ainda a todas as pessoas que ajudaram com o seu esforço, com o trabalho e pela disponibilidade que dispensaram.
Muito obrigada a todos!
A comissão de festas em Honra de Nossa Senhora da Anunciação

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Susana Maia (Mamodeiro) parte para o Kosovo

A Susana P. Vieira Maiaé militar (Cabo Adjunto)! No dia 21 de Setembro partiu no 2º Batalhao de Infantaria 2º B.I./Kfor, por um período de seis meses, em missão de Paz no Kosovo. O contingente está no Aquartelamento SLIM-LINES em Pristina (Kosovo).
Filha de Carlos Sá Maia e Rosa V.Braz, frequentou os grupos paroquiais, onde fez a sua iniciação cristã, é distribuidora do “Notícias de Nariz e Fátima”.
Uma missão como esta estamos habituados a ouvir falar nela pela televisão. Porém, agora é uma pessoa que conhecemos, a sua família e amigos são nossos vizinhos e, como eles, desejamos que o tempo fora do país e os riscos que sempre contém faz-nos próximos, solidários, desejando que regresse bem e com a alegria do dever cumprido.

Grupo das Terças - III Exposição/ Venda de trabalhos.

No próximo dia 11 de Novembro irá decorrer a III Exposição e Venda de trabalhos realizados por um pequeno grupo da nossa paróquia nas suas reuniões de terça-feira e nos seus tempos livres em casa.
Face ao sucesso alcançado nos anos anteriores o grupo ganhou novo alento para continuar o seu trabalho.
Ao longo destes meses, muitas foram as palavras de encorajamento recebidas. Conterrâneos emigrados visitaram - nos nas suas férias e mostraram –se agradavelmente surpreendidos com esta iniciativa.
O grupo alargou – se com elementos das paróquias limítrofes o que contribuiu para o enriquecimento de todos pela partilha de saberes e de experiências.
O objectivo do grupo não é o lucro. Disponibiliza tempo e materiais.
A venda é apenas o culminar de um trabalho, que não pretendemos para nós, mas para a paróquia.
Sem a sua participação, tal não é possível.
Contamos consigo.
Aproveite o Magusto de S. Martinho e faça algumas compras.
Vai ver que vale a pena.

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Contornos históricos da visita Ad limina
Tradição remonta aos primeiros séculos do Cristianismo e é obrigatória para os quase 5 mil Bispos de todo o mundo

A expressão Ad limina foi utilizada frequentemente pelos cronistas medievais ao referirem o exercício piedoso dos fiéis de empreenderem viagem até Roma, em espírito de peregrinação, para visitar os túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo.
A tradição da presença e morte martirial dos dois Apóstolos na capital do Império romano foram factores que muito contribuíram para o apreço sempre crescente que de todo o mundo cristão se votou desde cedo à comunidade de Roma.
Essa ligação piedosa rapidamente se mostrou indissociável dos bispos que presidiam à comunidade romana, tidos como sucessores de S. Pedro e do testemunho singular do apóstolo S. Paulo, ambos ali sepultados e venerados.
Essa consciência viva teve reflexos positivos no cristianismo esparso por todo o Império. Santo Inácio de Antioquia, por escritos que legou a algumas comunidades cristãs, enfatiza a caridade da comunidade romana e reconhece-a como legítima herdeira do singular alicerce que foram os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Um pouco mais tarde, S. Cipriano, exprimindo o sentir do cristianismo do norte de África, reconhece preeminência à sede romana, equiparando-a à cátedra de Pedro.
Decorrente dessas tradições, o bispo de Roma (papa), paulatinamente, vê-se na contingência de alargar a sua área de intervenção: da comunidade local estende-a rapidamente a toda a zona itálica e, de forma mais abrangente, incluindo mesmo as áreas patriarcais (do Oriente), é aceite como referencial importante na ordem da caridade e da comunhão (1º milénio).
Esse múnus alargado deveu-se, sem dúvida, à acção exemplar dalguns bispos de Roma e a circunstâncias históricas recorrentes que cedo puseram à prova a capacidade interventiva dum papado emergente; a firmeza doutrinal e a defesa intransigente das populações ameaçadas pela nomadização de povos bárbaros singularizaram sucessivamente uma plêiade de bispos que ocuparam a Sede de Roma. Essas dinâmicas muito contribuíram para que à Sede romana se lhe agregassem outros títulos: Sede Apostólica (S. Dâmaso), Primeira Sede, etc., equiparando o seu bispo, o papa, a S. Pedro (S. Leão Magno). A forma feliz como terminou o concílio de Calcedónia (451) muito contribuiu para a aceitação futura da autoridade universal do bispo de Roma.
A par dessa ascendência, praticava-se com certa intensidade o culto por todos os que tinham testemunhado a fé até ao martírio. De muitos se fazia memória, mas, em Roma, muito em particular, por aqueles que tinham sido os iniciadores do cristianismo local: S. Pedro e S. Paulo.
O pendor sacralizante que se afirmou após a liberdade constantiniana teve particular incidência no ordenamento do tempo, na delimitação dos espaços e em tudo aquilo que tinha a ver com a vida desses lugares - pessoas e objectos. Como reflexo dessa nova mentalidade, adquirem estatuto de lugares sagrados algumas localidades da Palestina, mormente a cidade de Jerusalém. Roma, em virtude da presença dos túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, adquire de igual modo o estatuto natural de cidade santa.
Essas referências sacrais tiveram impacto nas comunidades cristãs; foram muitos os que desde então se deram ao exercício piedoso da peregrinação. Os que se deslocavam a Roma quiseram, sobretudo, visitar (visitare) os" sepulcros" (limina), os "santuários" dos dois Apóstolos (apostolorum).
A partir do século VIII, a par daquela prática dos fiéis cristãos, os laços pastorais e jurídicos tendem a acentuar-se cada vez mais entre os bispos e o papa. São muitos os bispos que de Itália se deslocam a Roma para participar nos sínodos romanos; de igual modo, mesmo do cristianismo mais distante, se dirigem à Urbe os arcebispos para receberem o Pálio; a uns e a outros, em virtude da sua deslocação a Roma, se aplicou a expressão - visita Ad limina.
Segundo milénio

No fim do primeiro milénio, foi prática habitual dum grupo razoável de bispos se dirigirem a Roma para visitar os túmulos dos apóstolos e conferenciar com o papa sobre assuntos de natureza pastoral e administrativa. Um pouco mais tarde, os papas da reforma gregoriana (séc. XI-XII) estimularam essas visitas, insistindo de quando em vez num juramento de fidelidade ao pontífice. Insistia-se na periodicidade, sem especificar o espaçamento dessa deslocação.
Após o concílio de Trento (1545-1563), em ordem à implementação das determinações conciliares, sobressai um papado reformador. A abrangência das áreas a reformar pedia esforço conjunto - do centro (Papa) e da periferia (bispos). Nesse sentido, houve a preocupação de reorganizar os serviços centrais da Igreja (Cúria) e estruturar outros mecanismos que permitissem uma proximidade maior entre o episcopado e o bispo de Roma - o papa.
Sisto V(1585-1590), percepcionando as urgências recorrentes, pela bula Romanus pontifex (1585), faz da visita Ad limina um acto obrigatório para todo o episcopado católico. A periodicidade dessa deslocação a Roma não se deu de forma igual para todos os bispos. Teve-se muito em conta a situação geográfica dos vários episcopados. Inicialmente, para os de Itália e outros territórios vizinhos pedia-se a sua presença em cada três anos. Para os da Europa central, espaçava-se o tempo para quatro anos. Para os dos territórios missionários (outros continentes) a periodicidade ia até aos 10 anos.
Essa visita formal devia ser acompanhada dum relatório, previamente preparado, sobre a vida da diocese - Relatio status diocesis, atendo-se a formulários comuns que cobriam praticamente todas as áreas da vida diocesana.
As determinações sistinas têm-se mantido, grosso modo, até aos nossos dias. O Código de Direito Canónico (1983), nos cânones 399 e 400, dá orientações claras para o cumprimento daquela obrigação. Mantem-se a obrigatoriedade do relatório e a deslocação do bispo a Roma ou, em caso de impedimento, a presença de quem o melhor possa substituir (bispo coadjutor, se o tiver, ou auxiliar, ou ainda por um sacerdote do seu presbitério).
Na óptica de Sisto V, esses relatórios e encontros fraternos seriam instrumentos e ocasiões privilegiadas para se encontrarem as melhores linhas de actuação para uma Igreja sempre reformanda (sempre em dinâmica de ajustada reforma). Por trás da norma jurídica, havia, de facto, a preocupação de associar todos os bispos às grandes vertentes reformadoras.
As determinações sistinas foram pensadas para um colectivo de bispos que não ultrapassava muito as seis centenas de bispos do universo católico da altura. Muitos desses, viram-se ainda incapacitados de empreender uma tal viagem. Hoje, o encontro pessoal com o papa continua a fazer-se para os actuais cerca de 5000 bispos. Por razões óbvias, a disponibilidade de tempo nem sempre permite um encontro demorado. De todos os modos, a prática encerra uma densidade de afecto e comunhão com o Pastor que, a partir da cadeira de S. Pedro, preside na caridade ao múnus apostólico de conduzir o povo de Deus.
A visita Ad limina, desde a sua instituição até aos nossos dias, na sua execução, tem sido observada de forma flexível. Sem recuarmos muito no tempo, registe-se que durante os dois conflitos mundiais as visitas tornaram-se praticamente irrealizáveis para uma parte significativa do episcopado mundial.

Pe. David Sampaio Barbosa, Professor de História da Igreja - UCP – Lisboa
(in Ecclesia)