Nariz desde 1521

A existência da povoação de Nariz já é referida no Cadastro da População, mandado organizar por D. Manuel I em 1521 e terminado em 1527, e pertencia, como sempre pertenceu, ao concelho de Aveiro.
Da origem do nome pouco ou nada se sabe. Parece insinuar uma «villa» rústica. Nariz, já assim no séc. XIII, mas talvez no início uma Amalarici «villa», de que proveio a designação Mariz ou Maariz, anterior a Nariz.
A 3 de Outubro de 1775, o Padre Manuel do Vale, Prior de Requeixo, em resposta a um inquérito de 22 de Setembro do mesmo ano, e ao falar da paróquia de Requeixo e das obrigações do Pároco, diz: «Apresenta o pároco desta freguesia três coadjutores, a quem paga as côngruas, segundo o ajuste que com eles faz respectivo ao trabalho de cada um: a saber, um no lugar de Requeixo, outro no lugar de Nariz e outro no lugar da Póvoa.»
Em 1776, era Coadjutor de Nariz, Padre Francisco Rodrigues Álvares, de Recardães. Este ramo da paróquia de Requeixo era composto por: Nariz; Cabeço da Eireira; Canissais; Porto de Ilhavo; Verba; Vessada; Ramalheiro. Tinha 164 fogos.
No Arquivo da Universidade de Coimbra, com data de 7 de Março de 1811, há um requerimento apresentado pelos mordomos da confraria de São Pedro e outros moradores do lugar de Nariz, para lhes ser autorizado ter o Santíssimo Sacramento no Sacrário da capela durante a Quaresma. (AUC- Cx XIII, doc. 36). Trata-se de um manuscrito em papel de linho (21,5x31 cm, 1 folha cosida, 2 folhas sem marca de água), e está em mau estado de conservação.
A área de Nariz constituía, tal como agora, uma grande reentrância para sul da área do concelho de Aveiro, encravada entre as áreas dos concelhos vizinhos de Vagos e Oliveira do Bairro.
A paróquia de São Pedro de Nariz, foi criada pelo Bispo de Aveiro, D. Manuel Pacheco de Resende, em Janeiro de 1819, desanexada da de Requeixo. Tinha cerca de 200 fogos e não mais de 700 habitantes. Em 1867 tinha 215 fogos. Em 1896, 218 fogos e 774 habitantes. Em 1909 havia 226 fogos e 958 habitantes. Em 1941 eram 372 fogos e 1199 habitantes.

Em 1871, a paróquia foi também constituída como freguesia civil.
A 29 de Agosto de 1911, por ocasião da Lei de Separação Estado e das Igrejas, foi feito o Arrolamento e Inventário da Freguesia de Nariz, que se encontra no Arquivo Histórico Municipal de Aveiro. Estiveram presentes os cidadãos João Augusto de Mendonça Barreto, delegado do Administrador do concelho de Aveiro, Alfredo Nunes da Silva, aspirante de finanças, e Francisco Valério Mostardinha, presidente da Junta da Paróquia de Nariz, todos constituídos em comissão para proceder ao arrolamento e inventário a que se refere a Lei da Separação.
Entre outros bens constavam do inventário: 1 imagem do mártir São Sebastião, 1 imagem de São Pedro, 1 imagem da Senhora do Rosário,1 imagem pequena do menino Jesus, 1 imagem pequena de Santa Luzia, 1 imagem grande do Senhor Ecce-Homo, 1 pia baptismal de pedra, 1 altar-mor com trono e sacrário e 2 altares laterais. Era também referido o espólio da Capela de Verba.
Actualmente constituem a paróquia: Nariz, Roque, Verba, Vessada, Porto de Ilhavo e Ramalheiro, anexado por D. João Evangelista de Lima Vidal, Bispo de Aveiro, por razões pastorais.

 (in http:/www.paroquia-nariz.pt/historia. consultado em Setembro 2011)
 
 
 
 
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Nariz, 15 de março de 1781 - D. Frei José da Assunção

[faz hoje 241 anos]

 

As datas do nascimento e do baptismo de D. Frei José da Assunção,

natural de Nariz, bispo de Lamego

 

Por António Alberto Vieira Cura

 

Da lista de “sacerdotes nascidos na freguesia” que se encontra na página da internet da paróquia de S. Pedro de Nariz (na qual falta, pelo menos, um sacerdote, sobre o qual escreverei em breve) faz parte D. Frei José da Assunção (ou da Assumpção), a respeito do qual se diz que pertenceu à Ordem dos Frades Menores de S. Francisco, foi nomeado pelo rei D. Miguel como bispo de Lamego em Janeiro de 1833 e foi eleito pelo Papa Gregório XVI. Refere-se ainda que “foi bispo de Lamego durante 8 anos, vindo a falecer a 18 de Outubro de 1841”.

Não é indicada a data de nascimento deste nariense (ou naricense), que era frade no Convento de Santo António de Varatojo (próximo de Torres Vedras) quando foi nomeado bispo de Lamego. E, segundo creio, essa data nunca foi indicada por quem escreveu sobre D. Frei José da Assunção.

Pinho Leal, no seu Portugal Antigo e Moderno” (10.º Volume, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Cardosos, 1882, p. 204, s.v. “Varatojo”), além de referir o motivo que levou “José Valerio” a tomar a decisão de enveredar pela vida religiosa, diz que “D. frei José da Assumpção” (nome que tomou quando foi ordenado) era “filho de Valerio José e de Joanna Vieira, honestos lavradores da aldeia de Nariz (então da freguezia de Requeixo, supprimido concelho d’Eixo, e hoje concelho d’Aveiro)”, refere a sua nomeação como bispo “em janeiro de 1833” (sem indicar o dia, que foi o dia 7) e que “falleceu nos arrabaldes de Lisboa, a 18 de outubro de 1841”. Acrescenta ainda que “depois de ter sido um optimo estudante e um musico excellente, tocando com perfeição, rebeca, guitarra, flauta e orgam, foi um bispo exemplarissimo – nos poucos meses que exerceu a prelatura – e um escriptor eloquente e primoroso”. Apesar de ser aí mencionada a sua naturalidade e o nome dos pais, bem como o dia e o lugar (aproximado) do seu falecimento, não figura na obra a data em que nasceu.

A circunstância de até agora não ter sido apurada esta data explica que no catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal, na qual existem exemplares das muitas obras que escreveu, o espaço destinado à colocação do ano do nascimento do autor tenha um ponto de interrogação (“?”), enquanto no destinado ao ano do falecimento se encontra “1841”.

Graças à preciosa informação de Pinho Leal sobre o nome dos pais de D. Frei José da Assunção, e após uma pesquisa que durou muitas horas, consegui encontrar o assento de baptismo deste ilustre nariense, que se encontra no Arquivo Distrital de Aveiro, no Livro 11 de Registos de Baptismos da Paróquia de Requeixo, de 26-09-1773 a 21-08-1785 (fls. 162-162/v.º), que transcrevo a seguir. Através da sua leitura fiquei a saber, em especial, a data do seu nascimento, 15 de Março de 1781 (faz hoje 241 anos), a data do seu baptismo, na Igreja da “freguesia de S. Paio de Requeixo”, 22 de Março do mesmo ano, que a mãe, “Joanna Vieira”, era natural do lugar de “Naris” e que o pai, “Valerio José”, era natural de “Villa nova da  Palhaça” (então pertencente à freguesia de Soza).

Tendo nascido em 15 de Março de 1781, D. Frei José da Assunção tinha 60 anos quando faleceu.

Aqui fica, pois, o assento de baptismo de “José”, futuro D. Frei José da Assumpção:

 

Na margem:

“Naris

P.” [Pagou]

“José natural de Naris freguesia de S. Paio de Requeixo Bispado d’Aveiro filho Legitimo de Valerio José natural de Villa nova da Palhaça freguesia de Soisa, e de sua mulher Joanna Vieira natural do dito Naris, neto paterno de Domingos Francisco da Roza e de Sua mulher Roza Nunes naturaes da mesma Villa nova, e materno de Pedro Simoens, e de Sua mulher Maria Vieira, naturaes do dito Naris = nasceo aos quinze dias do mez de Março de mil sete Centos, e oitenta e hum, Solenemente foi batizado na pia batismal desta freguesia pollo Coadjutor infra assinado aos vinte e dois do mesmo mez, e anno, forão Padrinhos Manoel Francisco Sonsso de Naris, e Josefa solteira Tia paterna, testemunhas o Padre Lourenço Peres Coelho, e Fructuozo Marques Sacristão: em fe de que fiz este assento que assinei com o batizante”.

[Seguem-se as assinaturas]

Encomendado João Simoens de Carvalho

O Coadjutor Vicente Rodrigues

Lourenço Peres Coelho

Na margem:

“De

Fructuozo + Marques” [Assinatura “de cruz”]

 
 
 
 
 
 

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